sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Principais momentos que constituem o tempo dramático:

Ano - 1599 
 Meses - Julho - 28 "É no fim da tarde" (acto I)
Agosto - 4 (sexta-feira - acto II) - a acção desenrola-se oito dias após o incêndio do palácio de Manuel de Sousa Coutinho, durante o dia [Maria afirma: "Há oito dias que aqui estamos nesta casa(...)"] - (cena I)
- 5 "É alta noite" (actoIII) - A acção ocorre de madrugada (ao nono dia) - Manuel confessa: "Eu não sofro nestes hábitos a luz desse dia que vem a nascer" - (cena I)
Assim o tempo localiza-se entre os dias 28 de Julho e 5 de Agosto. Os dias 28 de Julho a 3 de Agosto são referidos por Maria como um tempo anterior ao início da acção apresentada no segundo acto. De 1 a 3 de Agosto, D. João apressa-se, de modo a poder chegar a sua casa no dia 4 do mesmo mês (fora libertado um ano antes - em 1598). Assistimos, assim, a um afunilamento do tempo dramático em Frei Luís de Sousa.
 É de notar o valor simbólico de que a sexta-feira se reveste: se o segundo acto ocorre no dia 4 de Agosto, a uma sexta-feira, é evidente que também a acção do primeiro acto tem lugar a uma sexta-feira (oito dias antes).
Este dia está conotado com a tragédia, remetendo para a feição popular subjacente à interpretação do seu significado em Portugal (lembremo-nos das condições atribuídas à sexta-feira 13). É, então, de reter que é a uma sexta-feira que ocorrem os seguintes acontecimentos:
·         dia do primeiro casamento de D. Madalena
·         Madalena vê Manuel de Sousa Coutinho pela primeira vez, apaixonando-se imediatamente por ele, apesar de ser casada com D. João de Portugal
·         Batalha de Alcácer Quibir (4 de Agosto de 1578); desaparecimento de D. João de Portugal e de D. Sebastião
·         Manuel de Sousa Coutinho incendeia a sua casa, motivando a mudança da família para o palácio de D. João
·         regresso de D. João na figura do Romeiro
É igualmente a reter a simbologia trágica conferida ao número sete e aos seus múltiplos:
·         D. Madalena procura saber notícias do seu primeiro marido durante sete anos, após os quais casa com Manuel de Sousa Coutinho
·         o casamento de D. Madalena e de Manuel de Sousa durava havia 14 anos (dois vezes sete)
·         D. João regressa a casa vinte e um anos após a batalha de Alcácer Quibir (três vezes sete)

O número sete corresponde ao número de dias que perfaz uma semana, ligando-se, tal como o número nove, à conclusão de um ciclo e ao início de outro. Assim, o sete relaciona-se com o final da vida do casal e, consequentemente, com a tragédia.

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