A Ação da obra é desenvolvida de
acordo com um esquema estrutural que se repete em cada ato.
Assim, encontramos três fases
distintas, no desenrolar de cada ato:
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um momento de
exposição, em que são apresentados, através das falas das personagens, os
acontecimentos passados que motivam a situação em que as mesmas se encontram
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um momento de
conflito, em que assistimos ao desenvolvimento da ação propriamente dita,
através das vivências das personagens
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o desenlace, o
desfecho, originado pelos dois momentos anteriores.
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Ação trágica:
Tal como nas tragédias antigas, a
acção da peça desenvolve-se através de uma sequência de acções que culminam no
desenlace trágico. Também aqui os homens são vítimas do
Destino (se bem que, à maneira do
drama romântico, as personagens sejam, igualmente, vítimas das suas decisões e
das suas paixões; Maria, apesar de não apresentar possibilidade de escolha, é
condenada não apenas pelo Destino, mas pela própria sociedade).
Ao longo da peça, encontramos
indícios da tragédia que vitimará toda a família.
O facto de a obra apresentar uma
estrutura que cumpre o esquema informação - acção -
desenlace, sendo o primeiro momento
referente a um tempo anterior ao da acção, permite-nos considerar Frei Luís de Sousa um drama analítico - os acontecimentos apresentados em palco são motivados por acções
anteriores às que são visualizadas.
A simultaneidade das acções, quase no
final de cada acto, confere aos momentos finais maior intensidade dramática.
Assim:
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no primeiro acto, o
incêndio coincide com a chegada dos governadores espanhóis;
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no segundo acto, a
chegada do Romeiro tem lugar no momento em que Manuel de Sousa Coutinho,
Maria, Telmo e alguns criados partem, para Lisboa;
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no terceiro acto, a
cerimónia de tomada de hábito de D. Madalena e Manuel coincide com a morte de
Maria.
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Nos dois primeiros actos, esta
técnica permite o suspense e a expectativa em relação às acções posteriores; no
terceiro acto, as acções simultâneas marcam o momento máximo da tragédia - o
suicídio do casal para o mundo e a morte de uma vítima inocente, Maria.
Antes do final do terceiro acto,
existem também acções que acentuam a motivação da expectativa: são os momentos de retardamento, que possibilitam a colocação da hipótese de que a
tragédia não se efective. Destacam-se, neste âmbito:
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o momento em que o
Romeiro pede a Telmo que diga que ele é um impostor;
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a recusa de D.
Madalena em aceitar a separação do marido e a dissolução do casamento.
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