domingo, 19 de janeiro de 2014

A ação

A Ação da obra é desenvolvida de acordo com um esquema estrutural que se repete em cada ato.
Assim, encontramos três fases distintas, no desenrolar de cada ato:

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um momento de exposição, em que são apresentados, através das falas das personagens, os acontecimentos passados que motivam a situação em que as mesmas se encontram
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um momento de conflito, em que assistimos ao desenvolvimento da ação propriamente dita, através das vivências das personagens
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o desenlace, o desfecho, originado pelos dois momentos anteriores.


Ação trágica:
Tal como nas tragédias antigas, a acção da peça desenvolve-se através de uma sequência de acções que culminam no desenlace trágico. Também aqui os homens são vítimas do Destino (se bem que, à maneira do drama romântico, as personagens sejam, igualmente, vítimas das suas decisões e das suas paixões; Maria, apesar de não apresentar possibilidade de escolha, é condenada não apenas pelo Destino, mas pela própria sociedade).
Ao longo da peça, encontramos indícios da tragédia que vitimará toda a família.
O facto de a obra apresentar uma estrutura que cumpre o esquema informação - acção - desenlace, sendo o primeiro momento referente a um tempo anterior ao da acção, permite-nos considerar Frei Luís de Sousa um drama analítico - os acontecimentos apresentados em palco são motivados por acções anteriores às que são visualizadas.
A simultaneidade das acções, quase no final de cada acto, confere aos momentos finais maior intensidade dramática. Assim:
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no primeiro acto, o incêndio coincide com a chegada dos governadores espanhóis;
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no segundo acto, a chegada do Romeiro tem lugar no momento em que Manuel de Sousa Coutinho, Maria, Telmo e alguns criados partem, para Lisboa;
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no terceiro acto, a cerimónia de tomada de hábito de D. Madalena e Manuel coincide com a morte de Maria.
Nos dois primeiros actos, esta técnica permite o suspense e a expectativa em relação às acções posteriores; no terceiro acto, as acções simultâneas marcam o momento máximo da tragédia - o suicídio do casal para o mundo e a morte de uma vítima inocente, Maria.
Antes do final do terceiro acto, existem também acções que acentuam a motivação da expectativa: são os momentos de retardamento, que possibilitam a colocação da hipótese de que a tragédia não se efective. Destacam-se, neste âmbito:
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o momento em que o Romeiro pede a Telmo que diga que ele é um impostor;
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a recusa de D. Madalena em aceitar a separação do marido e a dissolução do casamento.

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