Este romance não apresenta um seguimento temporal linear,
mas, pelo contrario, uma estrutura complexa na qual se integram vários "tipos"
de tempos:
Tempo histórico: Entende-se por tempo histórico aquele que
se desdobra em dias, meses, e anos vividos pelas personagens, reflectindo ate
acontecimentos cronológicos históricos do pais.
Nos Maias, o tempo histórico é dominado pelo encadeamento
de três gerações de uma família, cujo último membro (Carlos) se destaca
relativamente aos outros. A fronteira cronológica situa-se entre 1820 e 1887,
aproximadamente. Assim, o tempo concreto da intriga compreende cerca de 70
anos.
Tempo do discurso:
Por tempo do discurso entende-se aquele que se detecta no
próprio texto organizado pelo narrador, ordenado ou alterado logicamente, alargado
ou resumido.
Na obra, o discurso inicia-se no Outono de 1875, data em que
Carlos, dá por concluída a sua viagem de um ano pela Europa, após a formatura,
veio com o avo instalar-se definitivamente em Lisboa.
Tempo psicológico:
O tempo psicológico é o tempo que a personagem assume
interiormente, é o tempo filtrado pelas suas vivências subjectivas, muitas
vezes carregado de densidade dramática. É o tempo que se alarga ou se encurta
conforme o estado de espirito em que se encontra. O tempo psicológico introduz
a subjectividade, o que poe em causa as leis do naturalismo.
O narrador pode assumir uma atitude de omnisciência, quando
revela possuir um total conhecimento da história, caracterizando exaustivamente
as personagens e os espaços, manipulando o tempo segundo o modo como o quer
perspectivar. Este tipo de focalização aparece em Os Maias, fundamentalmente,
na parte introdutória do romance, naquela em que se refere à juventude
irreverente de Afonso e à história trágica de Pedro. Também a reconstrução do
Ramalhete, os estudos de Carlos em Coimbra, e a descrição de Ega, Eusebiozinho
e Dâmaso são exemplos deste ponto de vista do narrador.
O narrador poderá abdicar da sua omnisciência e contar a
história de acordo com a capacidade de conhecimento de determinadas
personagens. É o caso da focalização interna do narrador que, em Os Maias,
surge preferencialmente na intriga central e nos episódios de crítica social.
As personagens Carlos e Ega são as que fazem passar a crítica do autor, quando
o narrador se oculta, facto facilmente detectável através do discurso indirecto
livre.
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