segunda-feira, 17 de março de 2014

Tempo

Este romance não apresenta um seguimento temporal linear, mas, pelo contrario, uma estrutura complexa na qual se integram vários "tipos" de tempos:

Tempo histórico: Entende-se por tempo histórico aquele que se desdobra em dias, meses, e anos vividos pelas personagens, reflectindo ate acontecimentos cronológicos históricos do pais.
Nos Maias, o tempo histórico é dominado pelo encadeamento de três gerações de uma família, cujo último membro (Carlos) se destaca relativamente aos outros. A fronteira cronológica situa-se entre 1820 e 1887, aproximadamente. Assim, o tempo concreto da intriga compreende cerca de 70 anos.


Tempo do discurso:
Por tempo do discurso entende-se aquele que se detecta no próprio texto organizado pelo narrador, ordenado ou alterado logicamente, alargado ou resumido.
Na obra, o discurso inicia-se no Outono de 1875, data em que Carlos, dá por concluída a sua viagem de um ano pela Europa, após a formatura, veio com o avo instalar-se definitivamente em Lisboa.

Tempo psicológico:
O tempo psicológico é o tempo que a personagem assume interiormente, é o tempo filtrado pelas suas vivências subjectivas, muitas vezes carregado de densidade dramática. É o tempo que se alarga ou se encurta conforme o estado de espirito em que se encontra. O tempo psicológico introduz a subjectividade, o que poe em causa as leis do naturalismo.
O narrador pode assumir uma atitude de omnisciência, quando revela possuir um total conhecimento da história, caracterizando exaustivamente as personagens e os espaços, manipulando o tempo segundo o modo como o quer perspectivar. Este tipo de focalização aparece em Os Maias, fundamentalmente, na parte introdutória do romance, naquela em que se refere à juventude irreverente de Afonso e à história trágica de Pedro. Também a reconstrução do Ramalhete, os estudos de Carlos em Coimbra, e a descrição de Ega, Eusebiozinho e Dâmaso são exemplos deste ponto de vista do narrador.

O narrador poderá abdicar da sua omnisciência e contar a história de acordo com a capacidade de conhecimento de determinadas personagens. É o caso da focalização interna do narrador que, em Os Maias, surge preferencialmente na intriga central e nos episódios de crítica social. As personagens Carlos e Ega são as que fazem passar a crítica do autor, quando o narrador se oculta, facto facilmente detectável através do discurso indirecto livre.

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