quinta-feira, 20 de março de 2014

Significado da Obra

Retracta a sociedade e a mentalidade da época (realismo);
É uma metáfora para o percurso da "Geração de 70", "os vencidos da vida": começa com grandes ambições, ilusões e fantasias, e acaba na desilusão e no desencanto.

PERSONAGENS CARLOS DA MAIA: Centro da órbita da intriga, a pessoa de Carlos é certamente das que requerem da parte do autor mais desenvolvimento. Carlos, personagem incontestavelmente modelada, é no entanto produto de uma educação de tipo definido, aparentemente utilizado por Eça de Queirós para representar um indivíduo de formação perfeita, carácter convicto e relativamente recto.

MARIA EDUARDA: Endeusada pelos olhos de Carlos, Maria Eduarda Maia aparece-nos descrita como uma senhora de porte nobre, elegante e sensual, dotada de espírito e virtuosa de encarnação.

AFONSO DA MAIA: Possivelmente a única personagem a que Eça não associa qualquer defeito. Firme, mas generoso e sensível, é o responsável pela louvável educação de Carlos e a imagem do português sério e ideal, capaz e determinado.

PEDRO DA MAIA Pedro: representa a pessoa frágil por excelência, em tudo um fraco Herdeiro da vulnerabilidade da mãe, sofre de uma debilidade amplificada por uma educação exageradamente beata, centrada no Latim e no estudo das escrituras, que o impede de sair e desfrutar a natureza, encarcerando-o num verdadeiro purgatório terreno. De estatura pequena, também semelhante à da mãe, adquire um corpo capaz de reflectir a fragilidade da alma, extremamente sensível e melancólica.

JOÃO DA EGA: Eça utiliza-o para poder tomar parte directamente na história e denunciar, com caricaturas e observações satíricas, os valores que a obra num todo parece condenar. Tem uma conduta recta e sempre fiel ao amigo Carlos, que acompanha em tudo. Goza do privilégio de praticar a transição gradual de uma personagem-tipo para uma personagem modelada. Revela complexidade psicológica, que vai paulatinamente adquirindo ao longo da história. É, com a excepção de Afonso da Maia, a única personagem a quem é concedida a descrição de uma reflexão pessoal interior. É o alter-ego de Eça.

MARIA MONFORTE: Mulher fatal, como a filha, responsável pela desgraça de Pedro, Maria Monforte é descrita como dona de um corpo sensual, semelhante a uma deusa, a uma estátua de mármore- possivelmente a Vénus no jardim do Ramalhete. Contrastando com esta perfeição corpórea está a personalidade fútil mas fria, caprichosa, cruel e interesseira. É inquestionavelmente uma personagem-tipo, ainda que desempenhe um papel relativamente significativo no romance.

TOMÁS DE ALENCAR: Outra personagem-tipo, Alencar reproduz fielmente a figura do poeta romântico - alto e asceta, de bigodes negros como os trajes que enverga, voz grossa e macilenta e postura artificialmente lúgubre.

EUSEBIOZINHO SILVEIRA: Eusebiozinho representa o oposto de Carlos - molengão, fraco e fútil, excessivamente mimado pela mamã; e pela titi, melancólico e fraco como Pedro da Maia - merecedor portanto do nada carinhoso diminutivo com que é tratado já em adulto. Quando Carlos procura a ciência para desafiar o intelecto, Eusebiozinho procura casas de passe de segunda classe ou acompanhantes de mau porte
Eusebiozinho Educação Portuguesa Carlos Educação Inglesa Símbolo o Trapézio Pedagogo o inglês Brown Vida ao ar livre Exercício físico Aprendizagem de línguas vivas (Inglês) Submissão da vontade ao dever Educação Moderna Símbolo a Cartilha Pedagogo o abade Custódio Debilidade física Aprendizagem de línguas mortas (Latim) Deformação da vontade própria Educação Romântica Educação

DÂMASO SALCEDE: Das personagens-tipo, é aquela a que Eça de Queirós dá mais atenção. Bem abaixo de uma pessoa, Dâmaso é antes uma conjunção de vícios. É filho de um agiota e assume um comportamento de adulação e deslealdade concorrentes. Obcecado com o chique, decalca qualquer comportamento importado do estrangeiro, particularmente de França. Procura imitar Carlos em tudo. Aparece para realçar a figura de Carlos da Maia.
CRAFT Apesar de pouca ou nenhuma importância ter na acção principal, Craft representa o homem correcto, incorruptível de hábitos rijos, pensando com rectidão. Recebe especial favor de Afonso da Maia, que o considera deveras um homem. Há ainda outras personagens de menor relevo, a saber a pessoa do Sr. Sousa Neto, o Conde de Gouvarinho, O Nunes, Steinbroken, O Palma Cavalão, o maestro Corujes. Guimarães faz a ligação do passado ao presente, através da papelada que entrega a João da Ega.

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