Retracta a sociedade e a mentalidade da época (realismo);
É uma metáfora para o percurso da "Geração de 70", "os
vencidos da vida": começa com grandes ambições, ilusões e fantasias, e acaba na
desilusão e no desencanto.
PERSONAGENS CARLOS DA MAIA: Centro da órbita da intriga, a
pessoa de Carlos é certamente das que requerem da parte do autor mais
desenvolvimento. Carlos, personagem incontestavelmente modelada, é no entanto
produto de uma educação de tipo definido, aparentemente utilizado por Eça de
Queirós para representar um indivíduo de formação perfeita, carácter convicto e
relativamente recto.
MARIA EDUARDA: Endeusada pelos olhos de Carlos, Maria Eduarda
Maia aparece-nos descrita como uma senhora de porte nobre, elegante e sensual,
dotada de espírito e virtuosa de encarnação.
AFONSO DA MAIA: Possivelmente a única personagem a que Eça
não associa qualquer defeito. Firme, mas generoso e sensível, é o responsável
pela louvável educação de Carlos e a imagem do português sério e ideal, capaz e
determinado.
PEDRO DA MAIA Pedro: representa a pessoa frágil por
excelência, em tudo um fraco Herdeiro da vulnerabilidade da mãe, sofre de uma
debilidade amplificada por uma educação exageradamente beata, centrada no Latim
e no estudo das escrituras, que o impede de sair e desfrutar a natureza,
encarcerando-o num verdadeiro purgatório terreno. De estatura pequena, também
semelhante à da mãe, adquire um corpo capaz de reflectir a fragilidade da alma,
extremamente sensível e melancólica.
JOÃO DA EGA: Eça utiliza-o para poder tomar parte
directamente na história e denunciar, com caricaturas e observações satíricas,
os valores que a obra num todo parece condenar. Tem uma conduta recta e sempre
fiel ao amigo Carlos, que acompanha em tudo. Goza do privilégio de praticar a
transição gradual de uma personagem-tipo para uma personagem modelada. Revela
complexidade psicológica, que vai paulatinamente adquirindo ao longo da
história. É, com a excepção de Afonso da Maia, a única personagem a quem é
concedida a descrição de uma reflexão pessoal interior. É o alter-ego de Eça.
MARIA MONFORTE: Mulher fatal, como a filha, responsável pela
desgraça de Pedro, Maria Monforte é descrita como dona de um corpo sensual, semelhante
a uma deusa, a uma estátua de mármore- possivelmente a Vénus no jardim do
Ramalhete. Contrastando com esta perfeição corpórea está a personalidade fútil
mas fria, caprichosa, cruel e interesseira. É inquestionavelmente uma
personagem-tipo, ainda que desempenhe um papel relativamente significativo no
romance.
TOMÁS DE ALENCAR: Outra personagem-tipo, Alencar reproduz
fielmente a figura do poeta romântico - alto e asceta, de bigodes negros como
os trajes que enverga, voz grossa e macilenta e postura artificialmente
lúgubre.
EUSEBIOZINHO SILVEIRA: Eusebiozinho representa o oposto de
Carlos - molengão, fraco e fútil, excessivamente mimado pela mamã; e pela titi,
melancólico e fraco como Pedro da Maia - merecedor portanto do nada carinhoso
diminutivo com que é tratado já em adulto. Quando Carlos procura a ciência para
desafiar o intelecto, Eusebiozinho procura casas de passe de segunda classe ou
acompanhantes de mau porte
Eusebiozinho Educação Portuguesa Carlos Educação Inglesa
Símbolo o Trapézio Pedagogo o inglês Brown Vida ao ar livre Exercício físico Aprendizagem
de línguas vivas (Inglês) Submissão da vontade ao dever Educação Moderna Símbolo
a Cartilha Pedagogo o abade Custódio Debilidade física Aprendizagem de línguas
mortas (Latim) Deformação da vontade própria Educação Romântica Educação
DÂMASO SALCEDE: Das personagens-tipo, é aquela a que Eça de
Queirós dá mais atenção. Bem abaixo de uma pessoa, Dâmaso é antes uma conjunção
de vícios. É filho de um agiota e assume um comportamento de adulação e
deslealdade concorrentes. Obcecado com o chique, decalca qualquer comportamento
importado do estrangeiro, particularmente de França. Procura imitar Carlos em
tudo. Aparece para realçar a figura de Carlos da Maia.
CRAFT Apesar de pouca ou nenhuma importância ter na acção
principal, Craft representa o homem correcto, incorruptível de hábitos rijos,
pensando com rectidão. Recebe especial favor de Afonso da Maia, que o considera
deveras um homem. Há ainda outras personagens de menor relevo, a saber a pessoa
do Sr. Sousa Neto, o Conde de Gouvarinho, O Nunes, Steinbroken, O Palma
Cavalão, o maestro Corujes. Guimarães faz a ligação do passado ao presente,
através da papelada que entrega a João da Ega.
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