segunda-feira, 31 de março de 2014

Apresentação do Grupo

Olá!
Somos o Pedro, a Daniela e a Patricia somos do distrito de Beja.
Temos os dois 17 anos, estamos no 11º ano e frequentamos o curso de marketing em Beja.
As nossas disciplinas favoritas são Marketing e Espanhol.

Os nossos objectivos são aprender, trocar impressões com os alunos, produzir textos, seleccionar informação e pesquisar.

domingo, 30 de março de 2014

Eça de Queiroz

José Maria Eça de Queirós nasceu na Póvoa do Varzim em 25 de Novembro de 1845.

Foi registado como filho de José Maria d`Almeida de Teixeira de Queirós e de mãe ilegítima.

O seu nascimento foi fruto de uma relação ilegítima entre D. Carolina Augusta Pereira de Eça e de José Maria d`Almeida de Teixeira de Queirós.

Carolina Augusta fugiu de casa para que a sua criança nascesse afastada do escândalo da ilegitimidade.

Em 1861, matriculou-se na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Aqui, juntou-se ao famoso grupo académico da Escola de Coimbra que, em 1865, se insurgiu contra o grupo de escritores de Lisboa, a apelidada Escola do Elogio Mútuo.

Esta revolta dos estudantes de Coimbra é considerada como a semente do realismo em Portugal.
No entanto, esta foi encabeçada por Antero de Quental e Teófilo Braga contra António Feliciano de Castilho, pelo que, na Questão Coimbrã, Eça foi apenas um mero observador.

Terminou o curso em 1866 e fixou-se em Lisboa, exercendo simultaneamente advocacia e jornalismo. Dirigiu o Distrito de Évora e participou na Gazeta de Portugal com folhetins dominicais, que seriam, mais tarde, editados em volumes com o título Prosas Bárbaras.

Em 1869 decidiu assistir à inauguração do Canal do Suez.
Viajou pela Palestina e daí recolheu variada informação que usou na sua criação literária, nomeadamente nas obras O Egipto e A Relíquia.

Por influência o seu companheiro e amigo universitário, Antero de Quental, entregou-se ao estudo de Proudhon e aderiu ao grupo do Cenáculo.

Em 1870, tomou parte activa nas Conferências do Casino  (marca definitiva do início do período realista em Portugal) e iniciou, juntamente com Ramalho Ortigão, a publicação dos folhetins As Farpas.

Decidiu entrar para o Serviço Diplomático e foi Administrador do Concelho em Leiria.

Foi na cidade do Lisboa que elaborou O Crime do Padre Amaro. Em 1873 é nomeado Cônsul em Havana, Cuba.

Dois anos mais tarde, foi transferido para Inglaterra, onde residiu até 1878.

Foi em terras britânicas que iniciou a escrita do Primo Basílio e começou a arquitectar Os Maias, O Mandarim e A Relíquia. De Bristol e Newcastle, onde residia, enviou frequentemente correspondência para jornais portugueses e brasileiros.

No entanto, a sua longa estadia em Inglaterra encheu-o de melancolia.

Em 1886, casou com D. Maria Emília de Castro, uma senhora fidalga irmã do Conde de Resende. O seu casamento é também sui generis, pois casou aos 40 com uma senhora de 29.

Em 1888 foi com alegria transferido para o consulado de Paris. Publica Os Maias e chega a publicar na imprensa Correspondência de Fradique Mendes e A Ilustre Casa de Ramires.

Nos últimos anos, escreveu para a imprensa periódica, fundando e dirigindo a Revista de Portugal.

Sempre que vinha a Portugal, reunia em jantares com o grupo dos Vencidos da Vida, os acérrimos defensores do Realismo que sentiram falhar em todos os seus propósitos.

Morreu em Paris em 1900.




Bibliografia de Eça de Queiroz

A vasta obra de Eça de Queirós é comummente dividida em três fases distintas:

Fase Romântica:

Prosas Bárbaras
O Mistério da Estrada de Sintra

Fase Realista:

As Farpas
Uma Campanha Alegre
O Crime do Padre Amaro
O Primo Basílio
A Tragédia da Rua das Flores
O Mandarim
A Relíquia
Os Maias

Fase Social-Nacionalista:

Correspondência de Fradique Mendes
A Ilustre Casa de Ramires
A Cidade e as Serras
Contos
Últimas Páginas



sábado, 29 de março de 2014

Conferencias do casino

Quando se deu a "Questão Coimbrã", quase todos os adeptos do Realismo eram estudantes em Coimbra. Terminados os seus cursos, cada um seguiu o seu rumo, permanecendo, porém, unidos nos seus ideais.

Antero viajou pela França, América e Açores, estando em contacto com a a filosofia e o estilo de vida de outros países e outros povos. Regressou a Lisboa,  onde se tinham estabelecido grande parte dos seus colegas de faculdade.

Estes, tendo decidido continuar o apostolado intelectual e cultural iniciado em Coimbra, criaram o Cenáculo, uma reunião dos jovens intelectuais portugueses, onde se discutiam todos os assuntos referentes ao país (política, literatura, arte, economia,...).

Cheio de ideias novas, Antero rapidamente passou a liderar o grupo e decidiu pôr as suas ideias em prática. Para tal, decidiu "abrir uma tribuna onde tenham voz as ideias e os trabalhos que caracterizam este momento do século". Assim, em 1871, realizam-se no Casino Lisbonense as famosas Conferências Democráticas do Casino.



Geração 70

A Geração de 70 é denominada por ser constituída por um grupo de jovens académicos de Coimbra que, após finalizarem os seus cursos, estabeleceram-se em Lisboa, 1871, organizaram as famosas Conferências Democráticas do Casino Lisbonense, onde defenderam e cimentaram as bases do Realismo em Portugal, já iniciado na década anterior com a Questão Coimbrã.

Independentemente da capacidade crítica e inventiva pessoais dos seus constituintes, é certo que a chamada Geração de 70 representa em Portugal uma profunda revolução cultural.

A Geração de 70 veio arrancar não só a literatura, mas toda a cultura portuguesa desta apatia sentimentalista em que mergulhava. Esquematicamente, tinha esta geração como objectivos:

Repensar e pôr em questão toda a cultura portuguesa;

Preparar, pelo menos numa fase inicial, activamente uma profunda transformação na ideologia política e na estrutura social portuguesas.

Sem dúvida, estes homens representam uma mudança ideológica que se viria a reflectir não só na literatura, mas em todos os quadrantes da sociedade, desde a política à filosofia, à literatura, à economia…

sexta-feira, 28 de março de 2014

Programa da Conferências Democráticas

 1º Conferência: "Causas da Decadência dos Povos Peninsulares"

Esta conferência, proferida em 29/05/1871 também por Antero de Quental, apontava três causas principais para tal decadência: o catolicismo da Contra-Reforma, que isolara a Península Ibérica dos ideais do resto da Europa e impediu-os da progressão ideológica e social que aí se verificava; a centralização dos poderes na mão dos reis e a falta de liberdade concedida, que pudessem fazer progredir o país sem estarem dependentes dos poderes absolutistas dos reis; o excessivo desenvolvimento das conquistas, que arruinou

3º Conferência: "O Realismo como Nova Expressão da Arte"

Fez esta conferência, a 12/06/1871, Eça de Queirós. Condenou a fórmula da "arte pela arte" e afirmou que a arte deve ter como finalidade corrigir e ensinar. Para isso, devia basear-se na lei moral e científica. Segundo o romancista, a arte devia ter três qualidades essenciais: ser bela, justa e verdadeira. Só no Realismo era possível criar uma arte assim, uma arte capaz de transformar e corrigir a sociedade.

quinta-feira, 27 de março de 2014

O Realismo

O realismo foi um movimento artístico e literário que surgido nas últimas décadas do século XIX na Europa, mais especificamente na França, em reacção ao Romantismo.

Entre 1850 e 1880 o movimento cultural, chamado Realismo, predominou na França e estendeu se  pela Europa e pelos restantes continentes.

Os integrantes desse movimento sentiam a necessidade de retractar a vida, os problemas e costumes das classes média e baixa não inspirada em modelos do passado.

O movimento manifestou-se também na escultura e, principalmente, na arquitectura.

Principais diferenças entre Romantismo e Realismo.

No romantismo o narrador assume se na 1.ª pessoa, enquanto que no realismo existe o distanciamento do narrador;

Outras das diferenças é que no romantismo valoriza-se o que se idealiza e o que se sente, já no realismo valoriza-se o que se é.


O Realismo na Escultura

Na escultura, o grande representante realista foi o Auguste Rodin, este não se preocupava com a idealização da realidade, pelo contrario, procurou recriar os seres tais como eles são. Os temas contemporâneos e políticos eram os principais.

A sua característica principal é a fixação do momento significativo de um gesto humano.


terça-feira, 25 de março de 2014

O Realismo nas Artes

O Realismo fundou uma Escola artística que surgiu no século XIX em reacção ao Romantismo e desenvolveu na observação da realidade, na razão e na ciência.


O realismo, como movimento artístico do século XIX, caracterizava se pela oposição ao idealismo das escolas clássica, românticas e académicas, não deve ser confundindo com técnicas realistas de execução de obras de arte, ou seja, com o esmero do artista em reproduzir as imagens (em artes plásticas) tal qual as vê na realidade.

Técnicas realistas de pintura e de escultura existem desde, ao menos, a Antiguidade clássica e foram e continuam sendo utilizadas por diversas escolas (como, a dos surrealistas).

Pintura realista


Jean-François Millet, The Gleaners, 1857.

O historiador Seymour Slive cita que quando se discute o realismo em relação aos pintores de paisagem é importante especificar que esses artistas quase nunca pintavam os seus quadros em exteriores.

A prática de fazer pinturas ao ar livre só se tornou comum no século XIX. Em épocas anteriores as pinturas de paisagem eram quase sempre compostas nos ateliês.

Principais pintores realistas:

Édouard Manet
Gustave Courbet
Honoré Daumier
Jean-Baptiste Camille Corot
Jean-François Millet
Théodore Rousseau

domingo, 23 de março de 2014

O Realismo na Arquitectura

Os arquitectos e engenheiros procuram responder adequadamente às novas necessidades urbanas, criadas pela industrialização. As cidades não exigem mais ricos palácios e templos.

Exigem sim, fábricas, estações ferroviárias, armazéns, lojas, bibliotecas, escolas, hospitais e moradias, tanto para os operários quanto para a nova burguesia.


sábado, 22 de março de 2014

O Teatro e o Realismo

Com o realismo,os problemas do quotidiano das camadas sociais mais baixas ocupam os palcos.

O teatro, inclusive o realista e o naturalista, era definido pelo facto de que não só ilustrava o que se desviava da melhor sociedade, mas também suplantava a vida real pela forma do drama.

O herói romântico é substituído por personagens do dia-a-dia e a linguagem torna-se coloquial.

A primeira grande obra dramática realista é A Dama das Camélias, (1852),de Alexandre Dumas.

O Realismo pode ser visto até hoje em dia, em peças teatrais como o Homem da Faixa Preta e outras.


La Dame aux camélias (1848)

sexta-feira, 21 de março de 2014

O Realismo na Literatura

Motivados pelas teorias científicas e filosóficas da época, os escritores realistas desejavam retractar o homem e a sociedade em sua totalidade.

Não bastava mostrar a face sonhadora ou idealizada da vida, como fizeram os românticos, desejaram mostrar a face nunca antes revelada, a do quotidiano massacrante, do amor adúltero, da falsidade e do egoísmo humano, da impotência do homem comum diante dos poderosos.

Uma característica do romance realista é o seu poder de crítica, adoptando uma objectividade que faltou ao romantismo.

Grandes escritores realistas descrevem o que está errado de forma natural, ou por meio de histórias como Machado de Assis.


quinta-feira, 20 de março de 2014

Significado da Obra

Retracta a sociedade e a mentalidade da época (realismo);
É uma metáfora para o percurso da "Geração de 70", "os vencidos da vida": começa com grandes ambições, ilusões e fantasias, e acaba na desilusão e no desencanto.

PERSONAGENS CARLOS DA MAIA: Centro da órbita da intriga, a pessoa de Carlos é certamente das que requerem da parte do autor mais desenvolvimento. Carlos, personagem incontestavelmente modelada, é no entanto produto de uma educação de tipo definido, aparentemente utilizado por Eça de Queirós para representar um indivíduo de formação perfeita, carácter convicto e relativamente recto.

MARIA EDUARDA: Endeusada pelos olhos de Carlos, Maria Eduarda Maia aparece-nos descrita como uma senhora de porte nobre, elegante e sensual, dotada de espírito e virtuosa de encarnação.

AFONSO DA MAIA: Possivelmente a única personagem a que Eça não associa qualquer defeito. Firme, mas generoso e sensível, é o responsável pela louvável educação de Carlos e a imagem do português sério e ideal, capaz e determinado.

PEDRO DA MAIA Pedro: representa a pessoa frágil por excelência, em tudo um fraco Herdeiro da vulnerabilidade da mãe, sofre de uma debilidade amplificada por uma educação exageradamente beata, centrada no Latim e no estudo das escrituras, que o impede de sair e desfrutar a natureza, encarcerando-o num verdadeiro purgatório terreno. De estatura pequena, também semelhante à da mãe, adquire um corpo capaz de reflectir a fragilidade da alma, extremamente sensível e melancólica.

JOÃO DA EGA: Eça utiliza-o para poder tomar parte directamente na história e denunciar, com caricaturas e observações satíricas, os valores que a obra num todo parece condenar. Tem uma conduta recta e sempre fiel ao amigo Carlos, que acompanha em tudo. Goza do privilégio de praticar a transição gradual de uma personagem-tipo para uma personagem modelada. Revela complexidade psicológica, que vai paulatinamente adquirindo ao longo da história. É, com a excepção de Afonso da Maia, a única personagem a quem é concedida a descrição de uma reflexão pessoal interior. É o alter-ego de Eça.

MARIA MONFORTE: Mulher fatal, como a filha, responsável pela desgraça de Pedro, Maria Monforte é descrita como dona de um corpo sensual, semelhante a uma deusa, a uma estátua de mármore- possivelmente a Vénus no jardim do Ramalhete. Contrastando com esta perfeição corpórea está a personalidade fútil mas fria, caprichosa, cruel e interesseira. É inquestionavelmente uma personagem-tipo, ainda que desempenhe um papel relativamente significativo no romance.

TOMÁS DE ALENCAR: Outra personagem-tipo, Alencar reproduz fielmente a figura do poeta romântico - alto e asceta, de bigodes negros como os trajes que enverga, voz grossa e macilenta e postura artificialmente lúgubre.

EUSEBIOZINHO SILVEIRA: Eusebiozinho representa o oposto de Carlos - molengão, fraco e fútil, excessivamente mimado pela mamã; e pela titi, melancólico e fraco como Pedro da Maia - merecedor portanto do nada carinhoso diminutivo com que é tratado já em adulto. Quando Carlos procura a ciência para desafiar o intelecto, Eusebiozinho procura casas de passe de segunda classe ou acompanhantes de mau porte
Eusebiozinho Educação Portuguesa Carlos Educação Inglesa Símbolo o Trapézio Pedagogo o inglês Brown Vida ao ar livre Exercício físico Aprendizagem de línguas vivas (Inglês) Submissão da vontade ao dever Educação Moderna Símbolo a Cartilha Pedagogo o abade Custódio Debilidade física Aprendizagem de línguas mortas (Latim) Deformação da vontade própria Educação Romântica Educação

DÂMASO SALCEDE: Das personagens-tipo, é aquela a que Eça de Queirós dá mais atenção. Bem abaixo de uma pessoa, Dâmaso é antes uma conjunção de vícios. É filho de um agiota e assume um comportamento de adulação e deslealdade concorrentes. Obcecado com o chique, decalca qualquer comportamento importado do estrangeiro, particularmente de França. Procura imitar Carlos em tudo. Aparece para realçar a figura de Carlos da Maia.
CRAFT Apesar de pouca ou nenhuma importância ter na acção principal, Craft representa o homem correcto, incorruptível de hábitos rijos, pensando com rectidão. Recebe especial favor de Afonso da Maia, que o considera deveras um homem. Há ainda outras personagens de menor relevo, a saber a pessoa do Sr. Sousa Neto, o Conde de Gouvarinho, O Nunes, Steinbroken, O Palma Cavalão, o maestro Corujes. Guimarães faz a ligação do passado ao presente, através da papelada que entrega a João da Ega.

quarta-feira, 19 de março de 2014

Acção

Nos Maias podemos distinguir dois níveis de acção: a crónica de costumes (acção aberta) e a intriga (acção fechada), que se divide em intriga principal e intriga secundária. São, aliás, estes dois níveis de acção, que justificam a existência de título e subtítulo nesta obra.

O título "Os Maias" corresponde à intriga, enquanto que o subtítulo "Episódios da Vida Romântica" corresponde à crónica de costumes.

Na intriga secundária temos a história de Afonso da Maia, época de reacção do Liberalismo ao Absolutismo. A história de Pedro da Maia e Maria Monforte, época de instauração do Liberalismo e consequentes contradições internas. A história da infância e juventude de Carlos da Maia, época de decadência das experiências Liberais.

Na intriga principal são retratados os amores incestuosos de Carlos e Maria Eduarda que terminam com a desagregação da família, morte de Afonso e separação de Carlos e Maria Eduarda. Carlos é o protagonista da intriga principal. Teve uma educação à inglesa e tirou o curso de medicina em Coimbra.

terça-feira, 18 de março de 2014

Os espaços

Nos maias podemos encontrar três tipos de espaço:
O espaço físico;
O espaço social;
O espaço psicológico

Espaço físico:
-a maior parte da narrativa passa se em Portugal, mais concretamente em Lisboa, Sintra, Sta. Olávia;
-em santa olívia, na infância de Carlos e em coimbrã nos estudos universitários

Espaço social:
O espaço social comporta os ambientes (jantares, chás, soires, bailes espectáculos), onde actuam as personagens que o narrador julgou melhor representarem a sociedade por ele criticada;
- as classes dirigentes, a alta aristocracia e a burguesia
O espaço social cumpre um papel puramente critico.

Espaço  psicológico:
É constituído pela consciência das personagens e manifesta-se em momentos de maior densidade dramática. É sobretudo Carlos, que desvenda os labirintos da sua consciência. Ocupando também Ega, um lugar de relevo. Destaquem como espaço psicológico, para o sonho de Carlos no qual evoca a figura de Maria Eduarda; nova evocação dela em Sintra; reflexões de Carlos sobre o parentesco que o liga a Maria Eduarda.

segunda-feira, 17 de março de 2014

Tempo

Este romance não apresenta um seguimento temporal linear, mas, pelo contrario, uma estrutura complexa na qual se integram vários "tipos" de tempos:

Tempo histórico: Entende-se por tempo histórico aquele que se desdobra em dias, meses, e anos vividos pelas personagens, reflectindo ate acontecimentos cronológicos históricos do pais.
Nos Maias, o tempo histórico é dominado pelo encadeamento de três gerações de uma família, cujo último membro (Carlos) se destaca relativamente aos outros. A fronteira cronológica situa-se entre 1820 e 1887, aproximadamente. Assim, o tempo concreto da intriga compreende cerca de 70 anos.


Tempo do discurso:
Por tempo do discurso entende-se aquele que se detecta no próprio texto organizado pelo narrador, ordenado ou alterado logicamente, alargado ou resumido.
Na obra, o discurso inicia-se no Outono de 1875, data em que Carlos, dá por concluída a sua viagem de um ano pela Europa, após a formatura, veio com o avo instalar-se definitivamente em Lisboa.

Tempo psicológico:
O tempo psicológico é o tempo que a personagem assume interiormente, é o tempo filtrado pelas suas vivências subjectivas, muitas vezes carregado de densidade dramática. É o tempo que se alarga ou se encurta conforme o estado de espirito em que se encontra. O tempo psicológico introduz a subjectividade, o que poe em causa as leis do naturalismo.
O narrador pode assumir uma atitude de omnisciência, quando revela possuir um total conhecimento da história, caracterizando exaustivamente as personagens e os espaços, manipulando o tempo segundo o modo como o quer perspectivar. Este tipo de focalização aparece em Os Maias, fundamentalmente, na parte introdutória do romance, naquela em que se refere à juventude irreverente de Afonso e à história trágica de Pedro. Também a reconstrução do Ramalhete, os estudos de Carlos em Coimbra, e a descrição de Ega, Eusebiozinho e Dâmaso são exemplos deste ponto de vista do narrador.

O narrador poderá abdicar da sua omnisciência e contar a história de acordo com a capacidade de conhecimento de determinadas personagens. É o caso da focalização interna do narrador que, em Os Maias, surge preferencialmente na intriga central e nos episódios de crítica social. As personagens Carlos e Ega são as que fazem passar a crítica do autor, quando o narrador se oculta, facto facilmente detectável através do discurso indirecto livre.

domingo, 16 de março de 2014

Elementos simbólicos

Os Maias distinguem-se no quadro da literatura nacional não só, pela originalidade do tema mas também, pela destreza e mestria com que o autor conta o romance. De facto, tanto a crítica social, como a intriga amorosa são valorizadas pelo rigor e beleza dos vocábulos utilizados. Existem em maior ou menor grau todos os níveis de linguagem. Da linguagem familiar à linguagem infantil, o autor apresenta um estilo muito particular. Aliterações, adjectivações, comparações, advérbios, e personificações enchem Os Maias do início ao final da obra. De realçar também que, sendo a obra uma caricatura da sociedade portuguesa, o autor tira imensa partido da ironia. Linguagem

O impressionismo, bem patente, caracteriza-se pela frequência de construções impessoais, uma vez que o efeito é percepcionado independentemente da causa, ficando, portanto, o sujeito para segundo plano. - As sinestesias, através de percepções de tipo diferente traduzindo ironia. - O uso da hipálage (ex. as titis faziam meias sonolentas) , com a transposição de um atributo do agente para a acção.

Simbolismo - A designação de Ramalhete e o emblema do ramo de girassóis mostram-nos a importância da terra e da província no passado daquela família antiga da Beira“. O cedro e o cipreste (árvores românticas) simbolizam a vida e a morte. Estas duas árvores foram testemunhas; das diversas gerações desta família.
Vénus, os seus poderes são imensos: Deusa amável, ela protege os casamentos, favorece o entendimento entre os esposos, fecunda os lares, preside aos nascimentos. Ela fertiliza também os campos. Mas pode ser igualmente uma divindade temível, pois simboliza, muitas vezes, a paixão que nada pode deter, que enlouquece de amor aqueles que ela quer perder. - O Consultório de Carlos revela o seu diletantismo e a sua predisposição para a sensualidade.
O Vermelho é universalmente considerado como o símbolo fundamental do princípio da vida, com a sua força, o seu poder e o seu brilho; o vermelho, cor de fogo e de sangue possui, entretanto, a mesma ambivalência simbólica destes últimos. O escarlate ou vermelho escuro é nocturno, feminino, secreto e no limite centrípeto; ele apresenta não a expressão, mas o mistério da vida. Este vermelho pode também revestir-se assim de um significado funéreo..

A Toca, aqui parece simbolizar o carácter animalesco do relacionamento amoroso de Carlos e Maria Eduarda. - Os dois faunos simbolizam dois amantes numa atitude hedonista e desprezadora de tudo e de todos. Simbolizam também a atracção carnal. No quarto de Maria Eduarda, na Toca, o quadro com a cabeça degolada é um símbolo e presságio de desgraça.
Os seus aposentos simbolizam o carácter trágico, a profanação das leis humanas e cristãs.



sábado, 15 de março de 2014

Linguagem e Estilo Queirosiano

A prosa de Eça de Queirós reflecte a sua forma de pensar e exprime facilmente o seu modo de ver o mundo e a vida. Este soube explorar, a partir de um vocabulário simples, a força evocativa das palavras com o uso de sentidos conotativos e relações combinatórias.

Através de processos como: o ritmo da narração, a descrição, o diálogo, monólogos interiores e comentários, Eça conseguiu imprimir nas suas palavras um verdadeiro encanto.

sexta-feira, 14 de março de 2014

O Impressionismo Literário

Eça revela um estilo literário dualista, por um lado descreve de forma fiel a realidade observável e por outro, a fantasia e a imaginação do escritor realçam essa mesma descrição.

Deste modo, deixa transparecer as impressões que lhe ficam da realidade que descreve já que considera que não bastava descrever pormenorizadamente aquilo que se observava, mas que também era necessário manifestar o sentimento que resulta dessa mesma observação.

Assim, Eça além de descrever pormenorizadamente, soube revelar a sua visão crítica sobre a sociedade dos finais do século XIX.

quinta-feira, 13 de março de 2014

As Personagens

Nas suas obras, Eça pretende criticar a sociedade portuguesa da época.

Para o fazer, utilizou personagens tipo – personagens que não são individuais mas que dizem respeito uma personagem geral que retracta, por exemplo, uma classe social ou uma certa instituição.

Com este tipo de personagens, o escritor conseguiu retractar nas suas obras a sociedade em que vivia.

Eça julgava a sociedade portuguesa uma sociedade em decadência, por isso era posta no banco dos réus por parte do autor.

As críticas que Eça de Queiroz faz da sociedade são bastante subjectivas, pois é sempre a visão pessoal do escritor presente nas obras.

quarta-feira, 12 de março de 2014

O Adjectivo e o Advérbio

De modo a tornar a sua escrita mais expressiva, Eça apoia-se nos adjectivos e advérbios de modo que transmitem ao leitor uma sensação de visualização.

O adjectivo é usado com uma sabedoria e criatividade que faz dele a categoria gramatical por excelência na obra queirosiana. Assim, consegue demonstrar a sua visão crítica sobre a sociedade do século XIX de uma forma subtil mas que terá um grande ênfase, fazendo com que a sua sátira nos pareça objectiva.

No estilo Queirosiano, o adjectivo é usado de forma extremamente subjectiva e não pretende estabelecer qualquer relação directa com o substantivo que qualifica, mas sim dar a entender a relação entre esse nome e os outros, despertando a imaginação. Deste modo, o adjectivo surge com um carácter impressionista da prosa de Eça de Queiroz, já que é utilizado para mostrar ao leitor os sentimentos produzidos no escritor.

Outra característica literária presente nas obras de Eça é o uso de adjectivação dupla e tripla, com vista a mostrar não só a descrição mas, novamente, complementando-a com as impressões que surgem da mesma.

Quanto aos advérbios de modo, devido à sua sonoridade, foram trabalhados cuidadosamente pelo escritor, de forma a incidirem sobre o sujeito, mantendo as funções do adjectivo, mais uma vez, para que a criatividade e imaginação do leitor surja de forma espontânea.

terça-feira, 11 de março de 2014

Os Verbos

Tal como acontece com o uso dos adjectivos e dos advérbios, também os verbos são utilizados com um carácter impressionista por parte do autor. Do mesmo modo, suscitam a imaginação do leitor.

Para escapar à monotonia imposta pelo uso de verbos semelhantes, Eça optou por substituir os verbos comuns por outros menos vulgares, mas que expressam mais amplamente a acção descritiva pretendida pelo autor.

Os verbos declarativos (disse, afirmou, observou, explicou, respondeu, prosseguiu ) são comuns para introduzir falas de personagens e por isso tornam o discurso monótono, pelo que, o escritor opta por suprimi-los. Assim, a não utilização deste tipo de verbos, confere ao texto uma quebra na monotonia e dá-lhe ritmo e vivacidade.

É usual o uso do pretérito imperfeito em obras realistas, pois este tempo torna as acções presentes as acções realizadas no passado.

Quando é utilizado o pretérito perfeito é narrada uma acção passada que está concluída e encerrada no passado. No uso do imperfeito, pela transposição dos eventos narrados até ao tempo presente, faz com que o leitor testemunhe o acontecimento narrado.

segunda-feira, 10 de março de 2014

A Frase e a Linguagem

Uma das preocupações de Eça foi evitar as frases demasiado expositivas, fastidiosas e pouco esclarecedoras dos românticos. Para tal, faz uso da ordem directa da frase, para que a realidade possa ser apresentada sem alterações, e empregou frases curtas para que os factos e as emoções apresentadas fossem transmitidas objectivamente.

A pontuação, na prosa queirosiana, não pretende servir a lógica gramatical.

Eça põe a pontuação ao serviço do ritmo da frase para, por exemplo, marcar pausas respiratórias, para revelar hesitações ou destacar elevações de vozes.
Para evitar a utilização constante dos verbos declarativos, eça criou o estilo indirecto livre.

O processo consiste em utilizar no discurso indirecto a linguagem que a personagem usaria no discurso directo, ou seja no diálogo.

Deste modo, o texto ganha vivacidade e evita a repetitiva utilização de disse que, perguntou se, afirmou que, criando a impressão de se ouvir falar a personagem.

Eça de Queirós utiliza uma linguagem representativa não só da personalidade da personagem mas também de acordo com a sua condição social.

Como observador da sua sociedade, Eça teve de recriar nas suas obras as diferentes linguagens das diferentes classes sociais da sua época.

Por isso, as suas obras tornam-se riquíssimos espólios e testemunhos da vida dos finais do século XIX.

domingo, 9 de março de 2014

Recursos Estilísticos

A prosa queirosiana é enriquecida com vários recursos estilísticos. 
Aquelas que se podem destacar por melhor representam o estilo de eça são:

A hipálage: figura de estilo que consiste em atribuir uma qualidade de um nome a outro que lhe está relacionado, revelando assim a impressão do escritor face ao que descreve.

A sinestesia: figura de estilo relacionada com o apelo aos sentidos que nos transporta para um conjunto de sensações por nos descrever determinado ambiente (cenário envolvente) com realismo, tornando-nos de certa forma testemunhas desse cenário.

A adjectivação: uso de adjectivos, muitas vezes utilizada a dupla e tripla adjectivação.

A ironia: recurso estilístico que, por expressar o contrário da realidade, serve para satirizar e expor contrastes e paradoxos.

A aliteração: figura de estilo que utiliza a repetição de sons para exprimir sensações ou sons da realidade envolvente.


                                          http://www.youtube.com/watch?v=okxCTznbbUI