Cesário apresenta uma visão objectiva da realidade, exigência própria de quem desejava retratar o que testemunhava. Por isso, a sua poesia é uma descrição da realidade envolvente: Cesário caminha, deambula pela cidade ou pelo campo, e revela-nos todos os cenários e ambientes visitados (poesia do transeunte).
Para tal, socorre-se das sinestesias, pois, apelando aos sentidos corporais, não só descreve, mas consegue envolver o leitor no cenário descrito; das imagens, que pretendem ser uma captação da realidade testemunhada e das sensações despertadas no poeta; dos diminutivos, que servem para mostrar o seu carinho pelos mais desfavorecidos e para mostrar a sua fragilidade face a forças superiores; da modalização verbal, que imprime dinamismo ao seu testemunho, deixando a sua poesia de ser estática, mas notando-se todo o movimento citadino ou campestre.
Cesário é também impressionista. Para além de nos descrever a realidade envolvente, o poeta transeunte deixa também transparecer as emoções que lhe são suscitadas. Atende com particular interesse ao real concreto, a pormenores mínimos desde que lhe sirvam para excitar e transmitir percepções sensoriais. Daí ter construído com realidades aparentemente insignificantes quadros de grande expressividade.
Tal como Eça, emprega a hipálage, jogando ora com o adjectivo, ora com o advérbio, para nos revelar diferentes facetas da realidade ou para jogar com sentidos, impressões e significados relacionados.
Usa originalmente adjectivos e advérbios, através de uma adjectivação dupla, para mostrar as duas faces da realidade – a objectiva e a subjectiva. serve assim o carácter impressionista ao revelar não só o que é visível, mas também a impressão que fica da realidade.
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